
Touradas. Questão um quanto difícil. Não sou daqueles que acha que os animais, todos e mais alguns não apenas os touros, toiros para uns, têm direitos e nem sequer sou vegetariano. Acho que os animais são objectos de direitos, choquem-se alguns mas direitos têm as pessoas e mesmo assim as vezes já é o que é, e gosto de comer carne.
Ainda assim, no que toca respeito às touradas vejo-as com um misto de desprezo e indiferença. Acho cruel e bárbaro o gáudio de algumas pessoas, ainda em número considerável, com a violência com que são tratadas as coitadas das criaturas, vulgo touros, ou toiros para uns.
Não digam que os animais não sentem. E se sentem é apenas uma picada. Pois, estou a ver todos os que dizem isso desatarem a levar vacinas apenas porque sim.
Pois, é tradição portuguesa. Dizem, não sei.
Mas isto a respeito porque aqui, no local de labuta, é tudo aficionados. Até porque, sei lá como e porquê, são-lhes oferecidos bilhetes. Sinto-me como um extraterrestre, um alien, um tonhó, sempre que no dia a seguir vejo-os animados a conversarem sobre a última corrida, parece que é assim que se chama, e a elogiarem um ou outro touro, toiro para uns. Mas boxe, não! Isso é violência gratuita.
Claro está que sempre no dia a seguir faço cara feia, digo que não gosto e acho uma parvoíce e viro as costas. A vertente da indiferença.
Sucede que hoje acho que tentaram gozar comigo. Isso ou tentaram converter-me:
- Queres um bilhete para a corrida no domingo?
Recusei delicadamente. Por dentro gritava um:
“Fodasse, é que já lá estou a gritar vivas”
Honra seja feita aos forcados, porque convenhamos, são os únicos que têm tomates daquela gente toda.