Conheci pela segunda vez uma pessoa que se diz anarco-sindicalista. A primeira pessoa foi o meu avô. Foi há anos a nossa primeira conversa sobre o tema. Adorava perder-me nos seus livros. Antigos. Com cheiro de várias leituras. Os seus livros.
As discussões eram habituais. Chamava-me beato, apenas para me irritar. Qual miúdo pequeno. Mas eu Adorava as discussões. Ajudaram a construir a minha identidade política. Tinha de me esmerar, quando petiz, para contrariar os seus argumentos.
O meu avô. Procurou ensinar-me o Esperanto. Revelei-me um péssimo aluno. Porque havia eu de aprender uma língua morta. Uma língua que existiu somente na cabeça de uns quantos.
O meu avô. As histórias de quando procurou fugir clandestino num barco rumo a França. Ganhei respeito por causas, que não as minhas, defendidas com convicção.
A prova de que pessoas com ideais e posições diferentes se podem respeitar e admirar. O meu avô.