I wish I were a Warhol silk screen hanging on the wall. Or little Joe or maybe Lou. I'd love to be them all. All New York's broken hearts and secrets would be mine. I'd put you on a movie reel, and that would be just fine. Ian Curtis
28.1.09

Por estes dias a minha visão tem andado algo deficiente. Turva, com dificuldade em focar as legendas, as letras dos livros fogem. Enfim, coisas dessas. Sem outro remédio dirigi-me ao oftalmologista. Sim, primeiro marquei consulta, não sou parvo, até esse ponto, de simplesmente lá aparecer. E digo sem outro remédio porque, se há pessoas que não gostam de dentistas eu não gosto de oftalmologistas. Porquê? Porque há um exame em que se sopra para o olho. Odeio, detesto mesmo.

Descobri, sobre mim mesmo, algo de fantástico, melhor que uma sessão de psicanálise. Eu já sabia que era completamente do contra. Se todos gritam A eu grito B apenas por ser do contra. A epifania foi tanto mais surpreendente, porque descobri que ser do contra está mesmo enraizado no meu corpo, nos meus órgãos. Os meus olhos são completamente do contra, contra um do outro. Um não gosta de ver ao perto e o outro não gosta de ver ao longe. Ah, genes a quanto obrigas.

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26.1.09

O que é que faz uma pessoa quando aquilo que lhe adorna a cabeça está grande? Sim, falo do cabelo, o que é que uma pessoa faz? Corta-o. Penso que seja a resposta mais óbvia. Pois é isso mesmo que eu também faço.

Ora, aqui há coisa de um ano, e motivado por uma aparelhometro, vulgo máquina, que encontrei na casa de um familiar, vulgo avô, decidi pôr mãos á obra. Ou devo dizer mãos ao cabelo? Ok, o trocadilho ou a piadola é muito forçada, roçando o fraquinho fraquinho. Adiante.

Contente e feliz da vida, comecei a cortar o meu próprio cabelo. Barbearias e locais afins não conhecem o meu real rabo por volta dessa altura. Certo que muitas vezes a máquina cortou rente, mas rente devido a enormes trapalhadas que fiz. Mas hoje, agora, posso dizer que a coisa começa a sair de forma decente. 12 Meses depois, o esforço rende. Rende financeiramente também, claro, uma vez que corto/cortava o cabelo todos os meses.

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25.1.09

O que tem de soberbo a democracia é o facto de todos termos mais direitos que, e correlativos deveres, claro, todos os outros sistemas. Quero salientar, no entanto, duas palavras: todos e direitos.

Por todos, entende-se cada um de nós sem qualquer excepção. Branco, preto, amarelo, vermelho, às bolinhas, às risquinhas, gordo, magro, de todas as orientações sexuais possíveis e imaginárias, rico, pobre, intelectual, burro que nem uma porta, e por aí fora. Todos. Simples quanto isto.

Por direitos, sejam eles quais forem, entende-se a possibilidade de fazermos algo. Possibilidade. Não obrigatoriedade. Aliás, se assim não fosse não se incluía na categoria dos direitos, mas sim na dos deveres. O ter de. Um exemplo muito claro: o direito à liberdade de expressão, que a todos é muito caro. Eu, e cada um de nós, pode livremente exprimir aquilo que pensa. Mas, pode muito bem ficar caladinho, não abrir a boca. É um direito, fala se quiser.

Mas porque raio estou eu para aqui a falar disto? Muito simples, apenas para exprimir, mais uma vez, a minha opiniãozinha sobre uma associação tão benemérita, inigualável, de louvar e etc. etc., que é a OA.

Nas eleições desta magnífica associação, os seus membros têm direito a voto. Mas é um voto obrigatório. O que não deixa de ser irónico. Uma Associação intimamente ligada ao Direito (óbvio claro) impõe aos seus membros um “direito” que é obrigatório. Vai ao expoente máximo de impor consequências a quem não exerça o seu direito. Mas que raio, o que um direito tem de fantástico é o livre arbítrio daquele a quem pertence, a decisão final de o exercer ou não. Ou se calhar estou completamente errado, já estou por tudo.

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23.1.09

Hoje no público, o Dr. José Miguel Judice, escreve o seguinte:

“(…) tenho actividade profissional sem cessar há mais de 37 anos (sem contar o tempo de estudo), raro é o dia em que não trabalho (de forma remunerada ou em actividades de responsabilidade social) mais de dez horas, tudo o que ganhei numa vida de esforço e algum sucesso está investido em empresas familiares da economia real que dão emprego a centenas de famílias, não especulo na bolsa, pago os meus impostos sobre tudo o que ganho, continuo a investir praticamente todos os meus rendimentos, não levo uma vida de ostentação e luxo.”

Não interessa porque é que escreve o que escreve, o que quer ilustrar ou o que quer que seja, para mim, é sempre curioso ver pessoas públicas fazerem o auto-elogio. Mas quero deixar a nota que, apesar de tudo, tenho simpatia pela pessoa em causa.

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16.1.09

Aqui há uns dias passei por uma operação stop. Não daquelas banais à beira da estrada militada por um ou dois solitários agentes da GNR. Não, esta era daquelas a sério. Grande. Começava na auto-estrada, onde as vias eram cortadas obrigando-nos a passar pela área de serviço. Aí éramos recebidos por imponentes agentes de farda azul e convenientemente acompanhados por metralhadora. Carros e mais carros, da polícia e os outros, luzes e mais luzes. E aquelas armas ali a olharem para nós.

Na primeira saída, a que utilizei, lá estavam eles novamente. Olhar furioso e arma em riste. Mas agora também tinham cães como companhia. Há que confessar, impunham respeito. Algum temor até. Uma autêntica operação de lavagem da cidade de malfeitores e meliantes.

Mas disse passei. Pois, passei livre e descansado. Porque se parei, e fi-lo, foi para abrir a janela e perguntar:

- Boa noite, é para parar?

- Não, siga, siga.

Paravam todos. Tudo o que era carro, e figuras afins, eram mandados parar. A mim enxotaram-me que nem um animal. Será que o meu veículo não era digno? Será que tenho cara de pessoa cumpridora e zelosa da lei? Não sei. Mas vou confessar uma coisa: Naquela noite tinha emborcado meia garrafa de absinto, levava na mala do carro um cadáver em putrefacção e 7 kilos de branquinha colombiana. Sou ou não sou um sortudo?

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15.1.09
É bonita a democracia. Aquele que é o pior sistema, a seguir a todos os outros. É uma coisa gira. Dá para brincar às políticas e às politiquices. Longe, muito longe, séculos atrás mesmo, vai o tempo em que para os gregos era um privilégio, o exercício do poder. Hoje não. É altruísmo, dizem. Um hobbie, pois nunca ninguém diz que é profissional da política, mesmo aqueles que nunca fizerem porra nenhuma diferente na vida. Um sacrifício, dizem ainda outros, ao qual nunca foram obrigados. No fundo, um armarem-se de peito inchado, está em causa muito por pouco. Muito dinheiro, por pouco trabalho, entenda-se.

Mas o engraçado mesmo da democracia, é o exercício da mesma por aqueles que lhe cantam intermináveis elogios. A César o que é de César. No entanto acho que estes democratas nunca ouviram a expressão. Pronto, não são muito dados, quiçá, às lides religiosas, onde a expressão ganha mais força.

Ora bem, ilustrando: no Parlamento faz-se uma coisa (dorme-se, bate-se palmas e grita-se “muito bem”), no Governo faz-se outra (coloca-se os pés em cima da mesa enquanto se vê televisão e a empregada – os privados – procura arrumar a coisa, mas como é esperta – os privados – rouba que nem gente grande o Gigante adormecido – que de gigante só mesmo o tamanho que depois desfaz-se que nem um pardaleco ao mínimo sorriso e promessas vãs) e por fim nos Tribunais outra (anda tudo de rabo para o ar à procura da sô dona justiça, quando esta já lá vai à corrida de saias na mão na terra-de-ninguém). Os três poderes. Idealizados por um, defendidos por outros e proclamados por milhares.

Sucede que já ninguém sabe o que deve fazer e anda tudo aos trambolhões metido num fosso. Mas, voilá, há uns sôtores, embebidos do famoso Chico-Espertismo português – que semelhante ao “de santos e loucos todos temos um pouco” está presente em cada tuguinha – e vá de chamar tudo o que é gente ao Parlamento para tirar justificações. Qual rufia que só ergue os punhos quando está debaixo das saias da mãe. Tribunais? Isso, minha gente, é coisa do passado. Está demodeé. Demora tempo e a crise anda lixada, há que mostrar trabalho.

Pelo meio florescem mais plataformas de consensos que os consensos necessários. Insinuam-se partidos novos, avanços e recuos consoante o humor com que se acorda de manhã. Fala-se de tudo e sempre, para se ter direito ao “olá televisivo”. Não se fala de nada e nunca, para não se dizer bestialidades embaraçantes. E ainda se é contra tudo e todos –contra o quê? não sei, contra tudo simplesmente – porque quando se era criança brincava-se sozinho no recreio longe dos outros meninos e meninas que nos ignorava.

O resto, o povo, o povinho, o povão, as pessoas, a populaça, cá anda. De mãos nos bolsos a ver a orquestra passar. De resto, o Diabos que os levem!
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10.1.09
Quero expor a minha tristeza, mágoa por ter de andar de metro. Hoje mais que em todos os outros dias. O comboio, não é mau. Tirando os bancos. Mas não é mau. Já o metro é outra coisa
completamente diferente.

Estava atrasado. O comboio parou por uma razão qualquer que não ouvi, vinha com o ipod devidamente ligado para me abstrair do que girava à minha volta, quando cheguei, corri para o metro. Perdão, corri para a lata de sardinhas. Só lá dentro é que reparei que era isso mesmo. Só faltava o molho que vem nessas latas. Uma miséria. Mas não termina aqui. Aquilo continua a encher. Mais e mais pessoas entravam. Dei por mim a um palmo de distância da cara de uma pessoa. E era um gajo, ainda para mais. Para piorar as coisas, e devido a praticamente não me conseguir mexer as minhas mãos ficaram em baixo, juntas ao corpo. O Resultado: toquei numa dúzia de rabos. E não, não me aprovetei - mais que não seja porque não havia uma
rabo que fosse que se aproveitasse.

Finalmente cheguei. Conspurcado e com um sentimento de vazio. A minha alma ficou naquela carrugagem. Perdão, naquela lata de sardinhas. Cabisbaixo dirigi-me par ao local de labuta.

Quero no entanto, tirar uma ou duas conclusões. A primeira é que não há nenhuma miuda gira no metro. Ou venho muito ensonado - ou então não lavo convenientemente a cara e as ramelas impedem-m de de ver , hipótese que refuto com todas as forças que tenho - ou então elas andam mesmo é à superfície. A segunda conclusão é que o meu tormento só dura 20 minutos diários, 120 minutos semanais. A duração de um jogo de futebol. Só que neste particular não há golos nem momentos de euforia. Não sei o porquê desta conclusão.

P.S1. - Hoje, depois de almoço estive quase ir cirandar pelo chiado, ou talvez não porque me tenho de meter novamente na lata, o que elevará a contagem de minutos e não quero que o meu "jogo" tenha prolongamento.

P.S2. - O post foi escrito ontem, mas publicado apenas hoje.
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6.1.09

A cena decorre numa estação de comboios. Gostaria de descrevê-la a preto e branco, comigo de sobretudo de gola levantada acendendo despretensiosamente um cigarro e que quando olhasse para o lado, ali estava ela. Com a sua trenchcout que lhe moldava o corpo. E por ai fora. Ainda que mais cliché fosse impossível. E até porque nesse campo estou servido, muito obrigado.

Mas a cena realmente decorre numa estação de comboios. As 7:20 da manhã, um gelo do caneco e uma parafernália de gente à volta. E pronto, o meu primeiro dia de transportes para a labuta diária.

Já tenho algumas semanas no bucho no novo local, mas só agora comecei a utilizar outro meio de locomoção. A razão é o meio ambiente e o aquecimento global. Minto. Com todos os dentes que tenho na boca, a razão é meramente económica.

Bem, foi a primeira vez e pensava que me ia suceder uma data de coisas para contar, mas não. Apenas a pessoa que se deixou dormir para cima de mim. Claro que foi prontamente sacudida para o lado, que eu não gosto cá de confianças.

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5.1.09

O dia em que quase me tornei vegetariano. Podia ser o título de um qualquer livro. Daqueles que vendem que nem pães quentes acabados de fazer. Mas não. Não passou de mais um dia na minha muito movimentada vida – considero mesmo passar a chama-la, a ela, a vida, La Movida.

Voltan
do a esse magnifico dia. O dia em que quase me tornei vegetariano. Quase, repito. E não foi porque achei que os animais tinham, ou têm, tanto me faz o tempo verbal, direitos ou por considerar brutal a forma como são mortos. Fui, nesse dia almoçar a um restaurante vegetariano. Eis a razão. Não sei o que comi, tinha vegetais, isso é certo. Estava bom. Encontrava-me rendido no final do repasto.

Passei a tarde orgulhoso comigo próprio. Porquê? Não faço a mais simples ideia, mas estava. Contudo, foi somente durante a tarde.

Ao chegar a casa esperava-me entrecosto grelhado com migas e uma bela salada a acompanhar. E Coca-Cola, quando ao almoço bebi água. Ora, não somos todos pecadores? Pois então, pequei. E pequei com gosto. Até lambi os dedos no fim.

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