Sexta, enquanto tomava o meu simpático café pós laboral e punha a leitura de jornais em dia no monumental, cheguei à conclusão que há uma série de gente que admiro. Não admiro pelas suas qualidades inebriantes de qualquer coisa. Admiro-as pela coragem que demonstram.
Enquanto bebericava o café, como disse, constatava que imensa gente se tinha encontrado para aqueles cafés iniciais em que ainda não há nada a não ser uma vontade doida de saltar para cima do outro. Como sei? Não, não ouvia as conversas porque estava de phones nos ouvidos, mas era toda uma forma de se olharem, falarem, no fundo mentirem: vê como eu sou diferente de todos os outros(as) e isento(a) de defeitos. Mas isso fica para outro dia.
Admiro essa gente porque o café, tal como o meu, ocorria após um dia de labuta diária, sendo que o deles é aquilo que na gíria os americanos chamam de “date”. Ora, e assim, e como mencionei em cima, há que estar no melhor, para se mentir melhor.
Sucede que ninguém, mas ninguém está no seu melhor após um dia de trabalho. Após 6, 7, 8, o que seja, de trabalho. Admiro portanto, a coragem de irem impressionar quem quer que seja com a cara macilenta, os olhos turvos, a roupa amarrotada e por aí fora.
Eu? Apenas foi beber café, se impressionei alguém foi apenas a senhora dos jornais a quem disse o meu alegre boa tarde e um bom fim-de-semana.