Todos dias acordamos, fazemos a nossa rotina normal, enfrentamos trânsito, transportes. Enfrentamos a fúria descontrolado dos outros no trânsito, onde buzinam que nem animais que foram enjaulados durante a noite. Enfrentamos as bestas a quem damos o nome de pessoas anónimas que não respeitam ninguém nos transportes públicos, partilhamos o cheiro daquelas criaturas que não conhecem o conceito de higiene diária, parece que procuram as réstias de champô que possa ter ficado no nosso cabelo.
E porquê? Para trabalharmos 5 dias na esperança de chegarmos ao sexto e sétimo dia e sermos nós. Uma rotina que se repete a cada cinco dias. Mas somos felizes, naquilo que entendemos como normal. Sacrifícios para sermos bem sucedidos. Sucesso, empenho, dedicação. Desde putos que ouvimos isso. Que se fodam todos.
Não é assim, não deveria ser assim. Mas não é culpa nossa. Nem de quem nos antecedeu. É de todos. Não é o tradicional "o que queres ser quando fores grande?". Não devia ser. Pois eu nunca respondi que queria ser jurista (minto, mas não interessa), pelo menos a mim mesmo. Eu queria fazer.
Somos perecíveis. A carne é fraca e há-de apodrecer. Mas não vamos morrer. Mas quando a minha carne nada mais for que alimento de insectos eu quero deixar um legado. Quero deixar a minha marca no mundo que foi a minha casa. A Nossa casa. Não quero ser o idiota que trabalhava para viver, não quero ser o estúpido do anónimo que faz figura na multidão. Quero ser útil. Quero ter significado. Nós significamos algo. Quero tornar em matéria esse significado.
Fodasse, eu quero fazer.